quarta-feira, 31 de março de 2010

BOA NOITE LUA


Já passavam das 10 horas da noite quando ela chegou em casa.

Tenho a impressão de que alguém está me seguindo – disse apavorada.

Será? Não sei e se for verdade? Se algum maluco está atrás de mim, o que eu posso fazer? O que eu devo fazer? Se eu sou apenas uma menininha indefesa.

- Ah cansei, dessa vez não vou morrer de véspera, amanhã é sábado vou me preparar para caso algo ruim aconteça, chega! Se ele realmente quer me pegar não vai ser tão fácil quanto ele imagina.

Durante a noite dormiu muito mal, acordando em intervalos pequenos e só quando amanheceu que ela conseguiu descansar e adormecer tranqüila.

Acordou ao meio dia, comeu dois pães torrados com suco de maracujá, deu um pedaço de bolo para seu Bull Terrier que estava alheio aquela situação, interessado em uma borboleta colorida que flutuava pela casa. Sentou ao lado da janela pensativa - Coragem! Disse pra si mesma.

Seu marido sempre estava viajando, e dessa vez ia ficar por pelo menos uma semana fora de casa, não se acostumara com isso: Ele nunca estava em casa quando ela mais precisava. Não se sentia segura por isso resolveu dar início ao plano.

Começou quebrando várias garrafas velhas que eram inservíveis até então, espalhou as centenas de cacos de vidros provenientes no gramado que ficava entre o portão e a garagem.

Trancou a porta da casa, pegou um prego no armário da dispensa e pregou-o atravessado na fechadura da porta, assim evitava a entrada de qualquer chave estranha, estava satisfeita a porta seria um obstáculo mais difícil a ser transpassado.

Abriu um saco de tachinhas e espalhou todo o conteúdo no caminho da sala até chegar à escada que dava acesso ao segundo andar. Pegou uma faca na cozinha e pôs embaixo do travesseiro, sentou-se a cama abriu o criado mudo e verificou se o dinheiro ainda estava lá para um caso de emergência, estava.

Levantou-se e Ligou a TV, abriu o guarda-roupa, tirou de uma caixa de sapatos velha um dos revolveres do seu marido, segurou bem firme, observou se já estava carregado, travou e colocou este entre o short e o ventre, enquanto voltava para a cama observou o Bull Terrier, cara de copo, deitado ao chão sonolento, lambendo as patas.

Deitou-se, tirou do bolso de trás do short o celular e verificou se a bateria estava carregada, Yes! Quatro barrinhas mostravam na tela, porém o sinal estava baixo como sempre, aquela operadora naquela região era uma combinação perfeita para que o aparelho não funcionasse, decidiu pegar o telefone sem fio e deixar ao lado da cama.

A Lua já havia se instalado lá fora, mas todas as luzes naquele sobrado permaneciam acesas. Não podia dormir, não queria dormir e se as luzes se apagarem? Já era – pensou. Boa noite senhora Lua, mas eu prefiro mil vezes o Sol.

Cochilou... nãoooo, não podia ter cochilado, droga e por quanto tempo estivera desacordada, o ventou gemia assustador lá fora, ao longe ouviu um barulho splash! Parecia um mergulho, Decidiu abrir a janela do quarto para averiguar o que era foi quando de onde estava pareceu ver uma barbatana ziguezagueando pela piscina.

- Caramba eu estou louca?! Um tubarão na piscina!

- Não, você não está louca - respondeu uma bruxa sorridente flutuando pela copa da arvore em frente a sua janela.

Fechou a janela e a cortina no mesmo instante, sentou-se ao chão com a mão abraçando os joelhos – não isso não pode estar acontecendo, isso não é real, uma bruxa! Acalme-se pensou consigo mesma. Depois de um tempo decidiu levantar e dar uma espiada lá fora, inspirou fundo e abriu a janela lentamente, mas dessa vez a feiticeira e o tubarão não estavam mais lá.

Observou ao longe, uma luz acesa na casa do vizinho. Aquele velho louco anda me observando, eu sabia! qualquer dia desse eu ligo para a polícia. De repente um vulto passou pela cerca. Coçou os olhos e ele já não estava mais lá. Decidiu fechar a janela de vez.

Foi ao banheiro abriu o armarinho, pegou um frasco e tomou alguns calmantes, quando voltava ao quarto ouviu passos altos e fortes vindos pelo corredor, droga! Correu e fechou a porta do quarto. Deitou-se na cama, sentiu que algo se mexia embaixo dela, devia ser o cachorro brincando, mas tinha muito medo e preferiu não pagar pra ver o que realmente era aquela agitação.

Barulhos de arranhões nas paredes se espalharam, a janela se abriu e um corvo preto sentou-se no parapeito e piscou para ela.

Não, isso não está acontecendo, que merda eu odeio ficar sozinha, eu quero ver o Sol por que ele demora tanto? Não sei se vou resistir por mais tempo, eu posso estar acabada até ele chegar.

Estou me sentindo zonza, acho que exagerei nos calmantes, e esse corvo xô!!! Sai fora. Como alguém poderia me salvar? Depois de tudo que fiz, eu sou louca mesmo.

Uma sombra passou por baixo da porta do quarto e avançou na direção dela, ela já não entendia mais nada o porquê suas armadilhas não funcionaram, o vulto escuro beijou seu rosto pálido, ela olhou para ele desnorteada tentava pegar o revolver na cintura, mas sua mão não a obedecia mais, pela janela a Lua a observava impassível e lhe dizia: Boa noite senhorita e eu também prefiro o sol a você.

A sombra então devorou o seu cérebro de uma vez...




...Ela acorda molhada em suor, o sol brilha pela janela “Here comes the sun” dos Beatles começa a tocar na rádio.

- Nossa que sonho mais louco! Ou melhor, que pesadelo horrível. Ela cumprimenta o Sol, Bom dia! Despe-se e como veio ao mundo vai ao banheiro para tomar uma ducha e lavar a alma.

Esse texto foi totalmente inspirado na música “Goodnight moon” da cantora Shivaree, tema do filme Kill Bill. Só peguei a letra e tentei transformar num pequeno conto de terror...hehe O clipe da música segue abaixo.



Shivaree - Goodnight Moon 

sábado, 20 de março de 2010

AS GOTINHAS E A CEGUEIRA.

Lá vinha ele mais uma vez, indolente, folgado, dono de si, senhorita Ouro não conseguia fixar o botão que parava o ventilador, na verdade tinha forçado tanto o botão que esse já não funcionava mais, então o ventilador permanecia girando a 180º sem a menor pretensão de parar na posição correta para refrescar a moça.

- Droga de ar-condicionado quebrado, merda de ventilador que não para de girar, putz que calor! – reclamava ela.

A senhora Bronze ligara dizendo que chegaria atrasada, e havia pedido para Ouro adiar todas as reuniões que ela tivesse na parte da manhã.

Enquanto isso naquele calor insuportável que fazia no 13º andar daquele prédio comercial, gotinhas de suor se divertiam brincando, escorregando pelo corpo torneado da senhorita Ouro, para elas a senhorita era um parque de diversões, visão também compartilhada pelo namorado dela, um tobogã cheio de curvas insinuantes, provocantes e perigosas.

O cara que consertava o ar-condicionado tinha chegado, ela havia ligado há 30 minutos, é já estava impaciente, mas para o trânsito assombroso daquela cidade o senhor Prata tinha alcançado um tempo recorde ao atravessar a cidade em tão pouco tempo.

Eu vim dar uma olhada no ar-condicionado. Disse o senhor.

- Ah Ok, pode entrar o aparelho fica logo ali no canto da sala.

Prata entendia muito da sua função, era o melhor técnico em manutenção na sua empresa, anos e anos de experiência, e em menos de 25 minutos já havia identificado o problema.

- Já descobri o problema senhorita, tem uma peça que vou ter que trocar, mas para isso preciso levar o aparelho para a empresa.

- Ahh tudo bem – respondeu resignada Ouro – só que antes de você levar, abriu a gaveta e pegou uns papeis, você vai ter que entregar esse termo para passar pela portaria do prédio, para eles saberem que você está levando o aparelho para manutenção. Ahh você vai ter que assinar também, lá em baixo eles te explicam melhor.

- Tudo bem – disse Prata – mas eles têm tinta?

- Ahh sim eles devem ter caneta lá embaixo, com certeza.

- Não, não eu quero dizer tinta de carimbo, sabe como é ...hehe e apontou o Polegar para Ouro meio envergonhado.

- Ouro a princípio não entendeu, mas quando a ficha caiu, não passava por sua cabeça que ainda existiam pessoas que não soubessem escrever e disse constrangida: ahh entendi, espera um pouco que eu vou confirmar.

Fez a ligação para a portaria explicou a situação, e em pouco tempo ficou tudo resolvido então ela se despediu do senhor Prata que disse um até mais.

Depois que ele fechou a porta, a imagem dele mostrando o polegar não deixou sua cabeça. Enquanto Ouro ajeitava seus óculos naquele nariz naturalmente empinado, várias questões surgiram.

Como ele havia conseguido um emprego técnico? Se ele não sabia escrever provavelmente não saberia ler, será? Devia ganhar um salário ínfimo por causa dessa condição, pobre homem. Ela não conseguia se imaginar no lugar dele talvez se sentisse quase como uma pessoa cega, se não pudesse identificar ou reproduzir os sinais daquela sociedade.

Por alguns instantes Ouro se sentiu frustrada com aquela situação, mas então lembrou que tinha que marcar o cabeleireiro e manicure para a tarde, afinal era sexta feira dia de se divertir com o namorado. E uma questão mais importante se formou em sua mente. Será que consigo agendar horário para hoje? Tenho que me apressar.

quinta-feira, 11 de março de 2010

As Desventuras de Tímidus: O Clube - Parte IV


Rhino Cerontes ou Rhino era o um dos seguranças chefes do clube Maximus, trabalhava sempre aos fins de semana e sua única folga era as segundas feiras, isso o irritava bastante, porém naquela noite algo o incomodava mais do que tudo, a noite passada, não... Ele não tinha tido um pesadelo e nem era homem para se assustar com essas asneiras, a pulga que estava atrás de sua orelha era a broxada que tinha dado na noite anterior, acostumado a sair com várias meninas do clube e nunca ter negado fogo, não entendia o porquê seu “menino” não quis brincar com uma das mulheres mais gostosas que ele já havia levado para seu apartamento naquela noite fatídica. Do alto de seus 1,98 m a possibilidade de recorrer às pílulas azuis o aterrorizava.

Respira... 1... 2... 3..., isso respira... Repetia mentalmente Hipo Kondriakus enquanto levantava da mesa calmamente, se dirigiu ao segurança mais próximo, um armário que devia ter mais de dois metros da altura pensou ele.
- Por favor, o senhor poderia me informar um lugar em que eu possa me limpar – perguntou polidamente Hipo.
- Ahhh deixe me ver, o banheiro masculino serve? – respondeu ironicamente Rhino, sem perceber direito devido ao jogo de luzes, como estava o estado do garoto.
Hipo não gostou muito da resposta, mas conteve a raiva, pois sabia que não teria a mínima chance se arrumasse uma briga com aquele trol.
 - Eu sei que eu poderia me limpar no banheiro, mas aquele lugar está mais sujo do que pau de galinheiro, já pensou a quantidade de micróbios e germes que circulam ali, me dá até arrepio em pensar nisso – Comentou já se arrepiando ele.
- Será que o senhor não poderia, por favor, me arrumar outro lugar?
Rhino, agora vendo mais claramente a situação do garoto, ficou com pena daquele gordinho com cara de bonachão, sujo e fedido e resolveu abrir uma exceção. Ok garoto, vou pedir para um dos seguranças te levar lá na sala da administração, aonde você vai poder se limpar num banheiro menos coletivo.
Ok, muito obrigado – respondeu Hipo tentando passar uma imagem de durão, entretanto sabia que a qualquer momento poderia desmaiar, pois nunca havia visto tanta sujeira alheia em seu corpo.

Tim havia disparado. Parecia que ele já havia corrido uma maratona, mas na verdade não tinha ultrapassado uns 300 metros entre o balcão do barzinho e a entrada do clube. Sem pensar pulou as catracas de acesso e correu em direção à rua, que estava deserta naquele horário.
Parou para descansar, apoiando as mãos nos joelhos, seu corpo típico magrelo nerd não era acostumado a correrias repentinas e nem a qualquer tipo de exercício físico. Naquele silêncio ouviam-se as batidas do seu coração, que pareciam aumentar cada vez mais, e ficarem tão forte ao ponto que se tornavam insuportáveis aos seus ouvidos.

Não, não era possível – pensou Tim. Aquele som estava muito estranho, foi quando decidiu olhar para trás e percebeu o que estava acontecendo...

QAP Rhino tá me ouvindo porra, QAP Rhino, QAP Cerontes – um segurança genérico repetia ao rádio.
Espera um pouco aí garoto – falou Rhino para Hipo – QAP na escuta caralho! Não precisava ficar repetindo porra, num to surdo genérico.
QAP foi mals chefe, tô com um QRR aqui, um moleque acabou de pular as catracas e saiu sem pagar, o que eu faço? – respondeu o guarda genérico.
QRR PUTA QUE PARIU!!! Genérico, vai atrás do cara porra, tudo cê tem que perguntar veio, parece criança, vai atrás desse pilantra que saiu sem pagar que eu já to indo aí.
QAP tá bom, tá bom chefe. Posso levar mais dois genéricos comigo, sei lá vai saber se o cara tá muito loco.
QAP Cacete genérico se manda, chama os caras logo e me trás esse fujão aqui se não você vai se fudê na minha mão, entendido QAP.
QAP tendi chefe, fui....
Ao se virar Tim percebeu três brutamontes vindo em sua direção logo Lezadus comentou:
- [Eu já sabia, a menina deu com a língua nos dentes, deve ter comentado seu abuso e os guardas estão vindo te buscar, ferrou neguinho hoje tu vai apanhar muito].
- Putz, se deseperou Tim, porém se eu apanhar você vai apanhar junto...hahaha - sorriu em um rompante de humor duvidoso.
- [Então corre!!!] – pediu Lez.
- Não, não adianta mais Lez, resignou-se. Eles irão me alcançar de qualquer maneira, imagino a cara dos meus pais ao saberem que eu fui preso por assédio sexual, que vergonha meu Deus!!! que vergonha.

E aventura continua a qualquer dia nesse mesmo blog canal, abaixo segue os links para os capítulos anteriores:

terça-feira, 9 de março de 2010

O Bêbado e o Choro

Lá estava Ele no ônibus parado, sentado a espera de um milagre.
Na verdade um Bêbado estava pedindo carona ao motorista até que depois de alguns minutos de uma discussão em alto nível o cobrador liberou e deixou o bêbado entrar pela porta do meio.
O Bêbado escolhia um lugar para chamar de seu, o ônibus estava razoavelmente vazio, logo Ele pensava: não, por favor, não senta ao meu lado. Numa jogada de mestre sentou-se no assento do corredor, pois em sua teoria bêbado é que nem água vai pelo lugar mais fácil e do jeito cambaleante que ele andava o sujeito não conseguiria sentar no assento da janela nem em um milhão de anos. Missão comprida o embriagado acabou ficando a sua frente, mais um ponto para Ele já que não teria um bafo “cheiroso” ao meu cangote.
Ao sentar o bêbado começou a pedir desculpas ao cobrador, pois não tinha dinheiro, estava a caminho do funeral de seu irmão, que dizia já havia começado, mas havia uma hora que ele estava pedindo carona, mas ninguém queria ajudá-lo e doía muito a morte de seu ente querido, tá tá fica na tua aí maluco – respondeu o cobrador.
Sem pensar o bêbado levantou-se e foi direto ao cobrador e tentou abraçá-lo em agradecimento pela carona, porém o cobrador esquivou-se e com muitas palavras de baixo calão pediu delicadamente para o sujeito sentar-se novamente.
Até esse momento Ele observava aquela cena com os seus fones de ouvido em um volume baixo, com o objetivo principal de que eles, os passageiros, pensassem que Ele estava ouvindo algum tipo de música sendo assim eles não lhe torrariam o saco.
O sujeito permaneceu em pé e assim como qualquer bêbado repetia sua história inúmeras vezes, como um disco furado. Mas as lágrimas que começaram a descer do seu rosto pareciam bem verdadeiras.
Será que sua história era verdadeira?
Será que ele ressentia aquela dor e buscava compreensão dos outros?
Apenas mais um manguaceiro enchendo o saco mesmo?
Ou um mentiroso em busca de atenção?
Não sabia, Ele nunca saberia a reposta, lhe parecia ser algo verdadeiro, parecia que o alcoolizado sofria, no entanto o mundo havia se tornado muito insensível, atire primeiro e pergunte depois virou a marca daquela sociedade.
O bêbado caiu algumas vezes, tentou se aproximar das pessoas, mas foi empurrado, ignorado, sentou-se, se conformou e chorou... Chorou e chorou... O disco havia se quebrado? As palmas da mão no rosto não seguravam as incontidas lágrimas enquanto as pessoas se sentiam incomodadas, enojadas e um pai fazia o filho rir daquele pobre coitado.
Ele desceu aquelas pessoas não lhe faziam bem, mas com a partida do ônibus o disco furado rodou novamente.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Qual Escolher Sinal Analógico ou Digital?


Uma dúvida dos tempos modernos...

Você já teve aquela sensação de que esta plantando no deserto, no sertão, no lugar mais árido possível? Pois é, essa é a sensação de gostar de alguém que não está na mesma sintonia que você. E por mais que os bobos, infantis e românticos possam dizer que é um sentimento nobre que você será feliz independente de ser retribuído, eu como bobo, romântico e infantil...hehe posso dizer que não é bem assim não.

O pior é olhar para trás e ver que ninguém nunca esteve em sua sintonia?! O quê? E vero, quase ninguém girou o botão do rádio na sua estação, poucos passaram por ela e logo ficaram entediados e trocaram ou desligaram o aparelho.

Aí você fica imaginando onde está a minha tampa...rsrs será que alguém esqueceu de fazer a minha... pô logo a minha... sacanagem! eu que sempre fui o cara legal, o mocinho dos filmes de sessão da tarde, fiz tudo certinho não tenho direito a uma mísera tampa sequer, nem mesmo uma de garrafa pet? vai!

Por isso acho quase impossível ser feliz dessa maneira, apenas gostando, é uma âncora muito pesada pra ser carregada sozinha, como dizia o rei Roberto Carlos em uma canção bem antiga: “...E pra não chorar Eu só vou gostar de quem gosta de mim...”, (Brega mais autêntico e verdadeiro) acho essa à fórmula fundamental para a felicidade, mesmo que você não suspire de alegria, seu coração não dispare ou não sinta friozinhos na barriga, mas ao menos você vai saber que do seu lado tem uma pessoa que se importa com você, que quer fazer você feliz, que vai te dar segurança.

Já do outro jeito você vai se iludir, imaginar mil coisas, explodir em alegria pelo mínimo de atenção alcançada, mas você não se contentará com o pouco, vai querer mais e mais, o preço que a paixão, que é egoísta pede, e a partir daí meu amigo(a) você vai sofrer, esperando por uma pessoa que não vai vir ou plantando uma semente em jardim adubado com areia movediça, e fazer uma pequena visita todos os dias aquele canteiro infértil esperando um brotinho surgir, mas que já está perdido nas profundezas há muito... muito tempo.

Infelizmente em um relacionamento você sempre vai ser um ou outro, não adianta ou você é Colorido ou é Preto e Branco, ou melhor, em tempos modernos ou você é sinal Digital ou Analógico, prefira ser sempre o Preto e Branco ou Analógico, eu sei é sem graça, sem emoção, mas é seguro, é calmo, tranqüilo com aquelas faixas e chuvisco que você já está cansado de ver, é só colocar uma Bombril na antena e tá tudo bem.

Mas se você já foi um dia na sua vida o Colorido ou o Digital, lembre-se daquelas imagens perfeitas, aquela explosão de cores, aquele controle com milhões de funções e dê um pouquinho de atenção a estes, pois o mínimo que você der vai ser com certeza o máximo pra eles.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

4:16



Lá estava ele, por um milagre havia conseguido achar um lugar vago no ônibus, penúltimo assento ao lado esquerdo e o melhor de tudo era assento único, então não precisaria dividi-lo com nenhum desconhecido.
Como sempre o ônibus estava lotado, algumas pessoas reclamavam da lotação dos ônibus de hoje em dia: “O perfeito precisa pô mais busão na rua” dizia um, outros cochilavam durante a viagem e havia um senhor em pé se deliciando com uma coxinha enquanto deixava restos sobre o assoalho do veículo.
Ele não se importava com os comentários dos seus próximos nem com as migalhas do outro, afinal tinha a janela pra observar o mundo caminhar e ainda tinha um bônus, pois aquele ônibus era equipado com rádio, e quando bem usado era uma verdadeira arma para acalmar os mais nervosos.

De repente tocou aquela música, sim aquela que o fazia lembrar ela, ele fechou os olhos por um momento e quando os abriu as dezenas de passageiros haviam simplesmente desaparecido, externamente ele estava em estado catatônico, nada lhe chamaria a atenção, pelo menos não durante os 4 minutos e 16 segundos de duração daquela canção.
Lá estava ela no centro do ônibus, linda como sempre, vinha em direção e ele, sentou-se no seu colo, ele então a observou, passou a mão por seus cabelos escuros, escorregou seu dedo indicador por sua testa, demorou um instante pelas suas ruguinhas, desceu um pouco mais o dedo por sua bochecha e enfim tocou seus lábios rubros.
Não resistiu a tentação e beijou longamente aquela pequena boca, o beijo então trouxe consigo uma reação em cadeia trazendo todas as boas memórias do passado, uma chama reacendeu em seu coração frio e gelado, este voltou a pulsar de forma descompassada, um frio na barriga apareceu, suas mãos se tornaram geladas.

Aquele sentimento de só querer fazer o bem, de deixar seus olhos transparentes ou como um tele-prompter de uma câmera de vídeo, e através daqueles olhos ela o conhecia como ninguém, lia o que ele pensava, aquele sentimento inundou o seu corpo, lembrou como era divertido acordar de manhã cedo só pelo fato de saber que ele se encontraria com ela durante o dia.
E mesmo quando um dia ele virasse pó, esse sentimento não seria apagado, pois em uma daquelas milhares de partículas que um dia ele se transformaria lá aquele sentimento viveria. Não se sentia triste por não tê-la mais em sua vida, o porquê de havê-la tido perdido? Não sabia, na verdade sabia sim: imaturidade ou simplesmente seus signos realmente não combinavam... Sorriu ao pensar nisso, estava sim feliz por poder lembrar-se daquela garota tão especial e por ter vivido aquele momento que nem mesmo um shift + delete conseguiria apagar.

4:13; 4:14; 4:15; 4:16... A garota virou pó, a canção havia terminado, o ônibus não mais vazio, agora lotado e o encanto havia acabado, o senhor das coxinhas que agora estava em pé ao seu lado comentou: “Oia o tamanho das teta daquela gostosa no ponto”, e quando ele olhou para aqueles gêmeos siliconados, então percebeu: o ônibus já havia passado 3 paradas à frente da que ele desceria.

Puta Que pariu – sussurrou – levantou-se, então puxou a cordinha, desceu no próximo ponto e durante 25 minutos caminhou, o gelo cobriu novamente o coração daquele homem, extinguindo aquela esperançosa e feliz chama que espera ansiosamente ouvir mais uma vez aquela canção.

domingo, 2 de novembro de 2008

Dar não é fazer amor



E ai Pessoal, sou eu o Orni Torres Rinco - Co-Autor desse blog, Hoje irei dar uma parada nessas dessas bobagens que o Sr. fabantas escreve, Hoje como meu primeiro post vou colocar algo sério escrito pelo grande autor Luís Fernando Veríssimo, vocês já devem ter visto esse texto na net, mas bons textos devem sempre ser divulgados.





DAR NÃO É FAZER AMOR

Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem
esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.

Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar
o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
"Que que cê acha amor?".
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho...
É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.

Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar

Experimente ser amado...

Escrito por: Luis Fernando Veríssimo.